O vento soprando
suavemente lá fora, acariciando de forma doce e sutil a cortina, a calmaria
leva a escutar sons vindos de dentro do próprio corpo, do coração. Já não
bastassem suas batidas rítmicas e vitais, ouvia se outros sons no coração, sons
de desabafos, agonia, choro... Sons de paralisia.
O Corpo imóvel já
não sentia, mas o vento acariciar seus cabelos, os olhos sim viam, há e como
viam, olhavam para a cortina e via como ela parecia livre e feliz ali
chacoalhando sob os afagos do vento, os olhos viam ha passos cansados e lentos
os passos leves e rápidos de quem por ali passava, os olhos choravam diante de
um sentimento de invalides de paralisia.
A boca chorava e
já não mais falava às vozes que vinham de dentro prontas pra saírem e ganharem
vida morriam sufocadas na boca fechada, a cabeça se fechava, se paralisava,
paralisia!
Caminhar
a pés descalços
Sobre
pedras e cacos
Caminhar
de pés calçados
Sobre
pedras e asfalto
Caminhar
a pés parados
Entre
rodas e ratos
Caminhar
a pés paralisados
Entre
rodas e obstáculos
Movimentos
condicionados
Olhar
dilacerado
Coração
agoniado
Corpo
paralisado
Paralisia!