sexta-feira, 27 de abril de 2012

PRINCÊS

Pequena vida que cresce
Futuro adulto?  Não parece
Inocente e pura
O amor sua única procura
Sua voz que fascina e acalma
Tranqüiliza o ser e a alma
Gargalhadas de alegria
Gritos de euforia
Em um abraço vergonhoso
O fim de um dia embaraçoso

FUTURO



Estou morrendo dia após dia, não me assusto mais com esse fato ingrato da própria vida.
Por não saber o dia da minha morte, vivo morrendo um dia de cada vez, transformando a vida em uma doença sem cura e em fase terminal.
Gozo a cada dia que morre da vida que é levada com as horas que passam rapidamente por meus poros, matando minhas células lentamente.
Certo de que, a felicidade não se da através das coisas permanentes e sim do que se vai, atribuo aos pequenos atos e gestos de afeto que morrem juntamente comigo, a causa da felicidade que sinto dia após dia.
Ao olhar a morte como uma doce amiga, percebo que se realmente quero ser feliz, tenho que recebe – lá em minha vida e considerá-la como ponto de equilíbrio entre o que amo e a quem amo. A solidão nos mata ainda que vivos.
Não sinto saudades das coisas que já passei junto a alguém, são meras lembranças que completam nossa historia, e nos fazem lembrar que um dia já fomos mais vivos.
Sinto saudades e sempre sentirei, do que ainda não fiz e de quem ainda não amei, e que por todo tempo de vida nunca farei e muito menos amarei. Simplesmente, porque durante a vida eu há de me preocupar, mas com a morte que me vem, mas ainda não chegou, que com a vida de que vai a cada dia.
Passar pela vida sem olhar para as pequenas coisas, e considerá-las como grandes, é chegar até a morte sem ser percebido por ela.
   

RETRATOS DE UM PORRA LOUCA





         Fernando nasceu em um lar de pedras e cercado por terra vermelha, com unhas e pés sujos não deixava de estampar no rosto sua alegria por andar descalço em meio ao barro vermelho.
         Andou muito cedo, desde pequeno seu sonho era se tornar alguém importante, alguém da televisão, principalmente se fosse ou jogador de futebol ou piloto de fórmula 1. Vivia correndo atrás de uma bola, ou se aventurando em ladeiras com seu carrinho do Senninha.
         Fernando cresceu com medo de fantasmas, assombrações, escuro, cachorro, a música do globo repórter e até galinha, mas como que pra toda criança isso era normal, essa fase iria passar. Bem o medo da galinha ainda não passou, mas essa história fica pra depois.
         Já longe da terra, perto do asfalto e em um lar de madeira Fernando, descobriu que acordar cedo, matemática e futebol (esse ainda dava pro gasto) não era o seu forte.
         O lar de madeira era velho, mas muito feliz, seu telhado era torto e quando olhava pra ele parecia estar sorrindo.
         No lar de madeira Fernando cultivava amizades, fazia inúmeros churrascos, incomodava a vizinhança com seu heavy metal alto, passava o dia olhando as menininhas que passavam na rua e começava a pegar gosto pela vida noturna.
         Fernando namorou uma única vez na vida, e o lar de madeira presenciou esse feito.
         O lar de madeira de tão velho parecia não estar mais sustentando tanta felicidade, começaram a vir às reformas e o seu telhado começou a parar de sorrir.
         Fernando era um rapaz trabalhador ajudava sua família no que fosse preciso, não gostava mais fazia, algumas vezes de cara feia outras nem tanto, mas estava lá.
         Fernando começou a adquirir opinião sobre vários assuntos, não queria ir pro exercito, não gostava da idéia de ter que trabalhar braçalmente, não gostava de sol, não gostava de horário, não gostava de estudar (mas gostava de ir até a escola) não gostava de outros tipos de musica (e é chato até hoje), arranjou muitas brigas no lar reformado e mal acabado com isso.
         Fernando só queria era festar, beber, pegar as menininhas, aprontar na escola e no final das contas acabar como centro das atenções. As vezes conseguia, outras vezes se fodia. Um verdadeiro porra louca.
         O lar reformado mal acabado foi repartido ao meio e em uma das metades e foi construído um novo velho lar, bonito por fora e escuro por dentro. Apesar de novo já parecia estar desgastado com o tempo, seu telhado não sorria mais, era reto e indiferente.
         Lar desgastado vidas desgastadas, magoas e rancores foram adquiridos por Fernando nesse tempo.
         Fernando teve que olhar a realidade de outra forma, viu que teria que lutar pra continuar sonhando, alguns apoiavam outros reprovavam, mas Fernando era teimoso feito seu avô Chico quanto suas escolhas e opiniões. A única diferença é que seu Chico não errava nunca, já Fernando, ah o Fernando sim errou, caiu se machucou quebrou a cara, mas levantou e percebeu que cair era um pretexto a mais da vida para provar a ele que era capaz de se levantar, (agora de volta ao lar de madeira, um pouco mais discreto, mas sorridente) fazê-lo perceber que a família e os amigos são o suporte para felicidade. E mesmo que as pessoas não sejam as ideais, os amigos não sejam tão amigos assim, os amores não sejam tão perfeitos como no cinema, Fernando percebeu que ser grande é ser feliz, e que pra ser feliz é preciso dar valor as pequenas, simples, belas e verdadeiras coisas que a entidade ingrata chamada vida lhe proporciona, e que mesmo que brigue, que sofra e que chore por algo ou alguém, nunca, jamais devera guardar algum rancor, porque a vida passa e com ela ele passara também, e passar pela vida sem ser percebido é uma tolice imensa.
         Fernando uma indecisão ambulante, mergulhado em uma viagem só de ida por caminhos, desconhecido, talvez perigosos mas muito divertidos.